Foi-se a época em que as pessoas precisavam ficar paradas na frente da Tv para obter informações e entretenimento. O desenvolvimento da tecnologia está nos proporcionando o movimento inverso de quando deixamos de ser nômades e começamos a construir as cidades. Atualmente podemos pertencer a vários lugares, ao mesmo tempo, e sermos nômades digitais. Isso acontece através da interação do mundo físico com o mundo digital que é denominado de mundo Phigital.
Esse momento, nos desafia a desenvolvermos mais nossas características humanas para vivermos em equilíbrio com o crescimento exponencial da tecnologia e nos adaptarmos a diversidade social e cultural que se faz tão presente e próxima em nossas vidas. Com a rapidez e alcance da tecnologia nos transportamos para os mais diversos espaços nos obrigando a nos adaptarmos rapidamente.
Transitarmos no mundo físico e digital nos proporciona a possibilidade de desenvolvermos o foco máximo. Daniel Goleman, conhecido como o pai da Inteligência Emocional, denomina foco máximo a nossa capacidade de ao necessitar entender ou buscar determinado conhecimento, podemos conseguir através da nossa rede de contatos que através das conexões tem um alcance enorme. Por outro lado, a tecnologia e os algoritmos cada vez mais buscam manipular nossa atenção e governar nosso tempo.
Não adianta reclamarmos que os jovens não estão para o mundo do trabalho, as crianças e adolescentes estão cada vez mais nas redes e nós não conseguimos colocar limites adequados em nossas vidas no Mundo Phigital (físico e on-line). A tecnologia nos uniu e reuniu cada vez mais, não só através da comunicação e do acesso, mas das influências em nossas vidas.
Antes conseguíamos separar crianças, adolescentes, famílias, escolas, empresas/instituições/trabalho, urbano e rural, governo. Hoje está cada vez mais junto e misturado. Questões de segurança, saúde, economia, política, social, espirituais e climática/planeta estão cada vez mais próximas e impactando umas nas outras. Nossas fronteiras literalmente estão mais permeáveis, tanto pessoal, do outro, do mundo. Isso está produzindo novos comportamentos e situações que temos que aprender a lidar.
Precisamos nos interessar mais por assuntos de impacto nas nossas vidas e no planeta para isso, a busca pelo autoconhecimento, conhecimento e abertura, através do respeito e da cooperação é fundamental. Formarmos grupos de apoio e confiança é um caminho. Aprendermos a lidar melhor com os dados não só evitando exposição, mas também cobrando transparências é urgente.
Sermos mais protagonistas e menos receptores na rede, buscarmos nossa intenção consciente e nos organizarmos para, na medida do possível, manter o foco são atitudes importantes. As características da rede trouxeram de forma proporcional coisas boas e ruins que estão nos estimulando a buscarmos novos comportamentos e até valores para se adaptarem ao Mundo Phigital. No tempo do meu avô a “palavra dada” bastava. Hoje fotos se mexem, vozes são clonadas, pessoas desnudadas e nem falei de fake News.
Nos encantamos tanto com a Inteligência Artificial Generativa (IAG), mas esquecemos que ela é nutrida e desenvolvida com nossos dados. A IAG é a soma dos dados dos Seres Humanos e Não Humanos, mas se nos unirmos e desenvolvermos nossa humanidade podemos buscar o equilíbrio com ela aumentando nossa “potência” – criatividade, pensamento crítico, empatia, flexibilidade, cooperação, atenção/foco máximo, evolução.
Nos interessarmos por Conscientização e Prevenção Digital é um ótimo caminho para buscarmos o equilíbrio com o crescimento exponencial da tecnologia. Começarmos por entender nosso comportamento na rede e mudá-lo quando necessário é importante. Fico me questionando qual o objetivo de seguirmos celebridades relâmpago? De empresas aproveitarem qualquer momento desses para venderem, de ver pessoas expondo suas fotos de perfil ao seguir sites de pedofilia, de pessoas sem valor. Sem falar que muitos dos perfis estão abertos, e tem suas famílias, amigos e trabalho.
Nosso currículo digital é de extrema importância. Hoje mais do que a primeira impressão ao nos conhecermos o que importa é como construímos nossa rede. Como a nutrimos, quem seguimos, nos relacionamos, curtimos ou comentamos. Outro assunto importante é como educarmos crianças e adolescentes sobre essas questões, quando muitas vezes curtem só porque gostam de determinada pessoa ou influencer sem se aprofundar na situação. Ou comentam algo sem pensar nas consequências. Seus cérebros não estão totalmente desenvolvidos, monitoramento constante é impossível, proibição pode colocar em risco na busca por outros caminhos e formas de se conectar.
A Conscientização e Prevenção Digital minimizam riscos e aumentam nossas possibilidades de desenvolvimento e inovação. A série do Netflix, Adolescência é só uma pontinha do que pode nos impactar em todos os níveis da nossa vida. A série vai continuar com o foco na menina que foi assassinada. Eu sigo na torcida que o Jamie não seja o assassino, tem muita coisa no mundo digital acontecendo que pode mudar o caminho e trazer a conscientização e prevenção para um maior número de pessoas.