Há alguns anos participo das conferências do Fronteiras do Pensamento. A sequência dos últimos anos (Reinvenção do Humano – 2020, Era da Reconexão – 2021, Tecnologias para a vida -2022 e Entre o Caos e a Ordem -2023), tem chamado minha atenção para as mudanças que vêm ocorrendo com grande rapidez, alcance, perpetuidade e consequências no nosso Mundo Phygital (físico e digital). Os conferencistas são escolhidos para promoverem reflexões sobre temas contemporâneos.
Além dos conferencistas, posso citar muitos outros seres humanos ou não humanos (natureza, animais, clima, robôs, IA, fungos e bactérias) que vem ampliando meus olhares. Entre eles está o MEU EU, do whatsapp, onde salvei um artigo em 2020 falando sobre o Rafael Yuste e os neurodireitos. Mês passado fui fazer uma limpa lá e vi que não havia lido o artigo. Precisei assisti-lo no Fronteiras para ver a extrema importância do assunto e construir uma disciplina onde de tempos em tempos vejo minhas anotações, salvamentos e áudios com insights que gravei.
Um dia, um dos meus filhos disse: “Não sei como a mãe adora ficar ouvindo os outros falar”. Estava se referindo às diversas palestras, vídeos e documentários que sempre que possível fazem parte do meu dia a dia. São exatamente esses momentos que vivencio e interajo com as mais diversas pessoas no mundo Phygital que vão me desafiando a rever meus conceitos e aprender muitos outros.
Em outra ocasião, uma amiga me perguntou por que eu ia nas palestras da escola da minha filha. Segundo ela, as pessoas, que sabiam que sou psicóloga, pensariam que eu não era boa profissional ou que estava indo para aprender. Confesso que me impactou, pois nunca tinha pensado dessa maneira. Respondi: “Sempre aprendo algo, mas o que mais amo é escutar os questionamentos dos pais e poder melhorar meu trabalho”. Hoje acrescentaria melhorar minha vida também.
Somos compostos por várias partes inter e intra conectáveis com fronteiras permeáveis nos conectando com os não humanos para continuarmos evoluindo. Essa história cheia de paixão por aprender, foi cultivada na minha infância com muitos exemplos de adultos que gostavam de ler, se relacionar e dar muitas gargalhadas.
Meu avô materno era autodidata, empreendedor e sensível, minha avó paterna era politizada, minha avó materna apresentava grandes habilidades sociais e meu avô paterno muito afetuoso. Defeitos? Com certeza tinham, mas, para mim, esses foram os que procurei desenvolver ao longo da minha vida. Meus pais me proporcionaram muito afeto, exemplo e conhecimento, mas a segurança de estarem presentes nos bons e maus momentos foi fundamental para entender e me permitir viver de maneira mais autêntica.
Uma vez um professor me chamou de idealista, em outro momento uma professora que eu admirava muito disse: “Ana, como tu é autêntica!”. Vindo dela, arregalei os olhos e perguntei: “Isso é bom ou ruim?”. Ela riu e disse: “Depende!”. Desde aí, assumi meu jeito de ser, sempre que possível, de maneira consciente. A palavra depende entrou na minha vida para ficar. Com ela aprendi a ver e respeitaroutras maneiras de ser e viver. Esse momento me marcou tanto que comecei a ter mais atenção nos momentos de decisão e me respeitar mais.
No mundo em que vivemos, onde a atenção é um dos bens mais valiosos, e para vivermos bem precisamos equilibrar (movimento) o crescimento exponencial da tecnologia com sermos mais humanos. Escolhi somar com o Douglas RushKoff, pretendo desenvolver uma consciência digital para construir um futuro de conexão humana e não humana mais saudável.